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sábado, 26 de outubro de 2013

Breve História de João Campeiro (meu pai) e Garcia



Foto de Garcia (Esquerda) e João Campeiro (direita) - Foto retirada do Disco 'Linha Sertaneja Classe A' - Sebastião Victor -  Garcia & João Campeiro - 1974 - Primeira gravação com o Garcia da música Volta Por Cima (autor e compositor João Batista Moglia) - Lembrando que essa música foi a que Zé Trigueiro e João Batista (meu pai) gravaram em 1964, ganhando o troféu Chapéu de Palha, e com o sucesso dessa gravação também tornou-se outro clássico Brasileiro da música Sertaneja.   (Fonte: José Carlos Moglia).

São Paulo, 26 de Outubro de 2013.

Carta à João Campeiro, pai, marido, trabalhador, músico, cantor e amigo!!  (In Memoriam - 24/06/41 à 26/10/1992).

Sei que não podes lê-la agora, mas na eternidade vou poder vê-lo e dizer pessoalmente o quanto o amamos em vida, e como foi bom tê-lo como o sacerdote e  cabeça de nosso lar, sem dúvidas tivemos um grande homem que viveu entre nós.
Pai querido e amado, minha alegria é escrever sabendo que estás com Cristo, vivo e certamente nos aguardando, digo a ressurreição dos mortos, quando Deus nos dará o privilegio de termos um corpo ressurreto, restaurado e glorioso, e aí vou vê-lo e nos alegraremos porque nossos nomes estão escritos no livro da vida (nós que cremos e aceitamos Jesus Cristo como salvador de nossas almas) e breve chegará o tempo em que estaremos para sempre com o Senhor!

Em quanto isso, como não lembrar depois de 21 anos de alguém tão especial?

Um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, o ser mais especial de Deus, único, desenhado pelo dedo divino, porém como todo homem que veio após Adão, somos pecadores, sujeitos aos pecados e a termos erros e acertos, sonhos e esperanças, dificuldades e bênçãos, mas graças a Deus que nos cercou com sua eterna e bondosa graça em Cristo Jesus que nos amou e nos escolheu desde a eternidade. Certamente é algo bom relembrar de cenas e momentos especiais vividos em família, quantas noites nós (filhos), juntos com a tia Iracema (in memoriam), tio Milton, vô Gaudêncio (in memoriam), tio Lúcio (in memoriam), e os nossos queridos primos sentávamos todas as noites e proseávamos, e até altas horas ríamos e falávamos da família em geral, do passado, de histórias do interior vividas por vocês, e dos momentos em que o senhor era sucesso no Brasil, de quando cantou o “pagode de Brasília” no palanque a onde Juscelino Kubitschek  discursava em Brasília e como sacudiu Brasília com a música sertaneja raiz, a onde brasileiros cheios de sonhos e esperanças o ouviam sobre suas expectativas ao Brasil, ou mesmo quando a tia Iracema falava de quando se apresentou no circo da Vila Brasilândia e simplesmente não tinha lugar, pois todos queriam te prestigiar e vê-lo, desse disco “Vencendo Sempre”, a onde a música “Arrependida” tornou-se  um clássico pelo mundo a fora, e o “pagode dos treze” que foi uma música engraçada e um sucesso mesmo diante de um   número que para muitos era considerado azarado, e também de suas viagens por todo Brasil, e de quando ia e voltava sem documentos, sem os ternos (isso aconteceu várias vezes), mas de todas suas aventuras pelo Brasil e fora em outros países da América do Sul, também lembro (dos relatos contados por tia Iracema, minha mãe e por você “João Campeiro”) do saudoso programa “Festa na Roça” a onde se apresentava em todos os domingos e inclusive a música “Chaves do Apartamento” do disco arrependida que era uma febre, ao chegar no palco as pessoas pegavam suas chaves e balançavam, pena que os arquivos da rede Record (TV Tupi) se perderam num incêndio, puxa como faz falta essas fotos e gravações que se foram!.

Bons tempos em que Garcia e João Campeiro eram o ponto alto da rádio Tupi, programa que ia ao ar todas as manhãs em São Paulo, às 7 horas, cantavam ao vivo, algo inédito na época (no Brasil), saudades de nossos papos em que falava que muitas duplas chegavam a gravar a mesma música por de 20 vezes, e como vocês tinham facilidade e que sempre na primeira passada já gravavam, e de como mencionava que muitas duplas eram tão boas e capazes, porém que não tiveram a mesma sorte que vocês, e  como tinha uma consideração muito grande pelos amigos, mesmo depois de muitos cantores famosos que não saiam de casa terem desaparecido, mas mesmo assim nunca guardou mágoas. Saudades daqueles momentos em que minha mãe relatava que ensaiavam em casa e o vô “Careca” o Sr. José Amâncio (recebi meu primeiro nome em honra ao meu avô por parte de mãe) vinha em casa só para vê-los, pois gostava demais dos ensaios, Como queria poder assistir e vê-los cantar e encantar, mas em fim ficaram saudades dos momentos “em casa” quando pegava a caixinha de fósforo e fazia um ritmo de pagode, e quando cantava como se estivesse num palco, com tanta emoção e perspicácia que tocava quem o ouvia de longe. Contudo o que mais me marcou foi sua humildade, simplicidade, o ser digno, trabalhador, responsável e por amar minha mãe. Graças a Deus pelo amor que nos deu durante o tempo que tivemos a possibilidade de viver contigo, Pai, João Batista, conhecido como João Campeiro, mesmo depois de 21 anos após seu falecimento, minha impressão é a de que foi ontem que conversávamos e te via cantar música sertaneja raiz, que o ouvia rindo, pois era muito brincalhão, e nunca me esquecerei de que me chamava de “Zé Capitão”, apelido carinhoso que usava ao se referir a mim, só posso concluir dizendo que também foi linda a história de amor, a onde minha mãe (Maria Helena) “fugiu” de casa para viver ao seu lado lindos 28 anos, e sem dúvida nenhuma essa mulher guerreira nunca deixou de cuidar de todos nós, minha mãe amada é uma grande mulher, simples, humilde e transformada pela graça de Deus. Puxa que família extraordinária, não somos perfeitos, mas algo que aprendi com essas pessoas sensacionais, é que vale a pena o amor, os valores que recebi, as alegrias vividas, isso mesmo não sendo ricos ou não tendo glamour ou fama, mas ser feliz por saber o real valor de uma família digna (pai, mãe, avô, tio, irmãos e irmãs e outros parentes maravilhosos).

Abaixo breve relato que escrevi e o site Recanto Sertanejo adaptou e eu readaptei, também disponibilizei as fotos que constam nesse site.

Nada mais justo do que iniciar uma parte da história falando do Domingos Roberto Garcia (Garcia), um de seus maiores amigos e incentivadores de sua carreira sertaneja, que muito embora diversos esforços deixou o ensinamento do valor de um amigo que se importava e muito ajudou meu pai numa fase de doença em 1972, a onde ficou cego, surdo e muito debilitado  foi um grande apoio, obrigado Garcia pela força que deu a minha família nessa época! Bom Garcia nasceu em São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, e cresceu na roça ouvindo o canto dos pássaros e a poesia da natureza. Logo cedo, aprendeu também a cantar e a tocar violão, e até recentemente vivia  em Piracicaba e fazia um programa nas madrugadas, das 4:30 às 7h na rádio de Piracicaba (grande amigo de meu pai e meu também), um homem simples, humilde e de grande caráter.

 João Batista Moglia (João Campeiro) meu pai, nasceu em São Manuel, no interior do estado de São Paulo, no dia 24 de junho de 1941,  seu primeiro instrumento ganhado de meu avô (Gaudêncio) foi um cavaquinho e muito rapidamente aprendeu a tocá-lo, isso aproximadamente aos 9 anos de idade, eles já cantavam, seu irmão Lúcio Moglia e ele já montavam quando criança um circo a onde se apresentavam, cantavam e tocavam, e já atraiam o olhar de milhares de vizinhos e amigos de meu falecido avô "Gaudêncio Moglia", saudades também desse que foi um homem digníssimo, companheiro para a família, guerreiro, pois trabalhou muito para ajudar minha mãe e meu pai, que já não vivia mais da música, por decisão própria. João Moglia,  Iniciou a carreira formando dupla com Zé Trigueiro, onde a dupla era chamada de "Zé Trigueiro e João Batista", e ficou conhecido pela música "Volta por Cima" de sua própria autoria, gravada em 1964, ganhando com essa música o troféu Chapéu de Palha. Porém a dupla separou. E assim, tanto Garcia como João Campeiro, sozinhos passaram cantar solitários, em busca de alguém com quem pudessem formar nova dupla. E foi na sede da UASP que o destino os colocou frente a frente, e em um ensaio de uma roda de violeiros ambos chegaram à conclusão de que tinham tudo para formar um par vitorioso para difundir a boa e agradável música sertaneja.
Quando se uniu ao Garcia já estava usando o nome de João Campeiro e gravaram os discos: "Vencendo Sempre", "Populares", "Grandes Sucessos Sertanejos - Vol. 1", e regravou a música Volta por Cima com o Garcia no disco "Viola Classe A", dentre outros.

“Sem dúvida nenhuma a dupla formada com o Garcia foi uma das maiores sensações dessa época de ouro da música sertaneja Brasileira, são a referência para muitas duplas raízes até os dias de hoje, embora não seja tão citado como Tião Carreiro e Pardinho, pois saiu de cena (deixou de gravar e cantar profissionalmente em 1972), mas eram seus amigos e nem por isso deixou de cantar, pois em casa tínhamos o prazer de ouvi-lo todos os dias, e como era bom vê-lo usar o maior dom que recebeu de Deus, o dom de cantar e compor, sinto saudades dessa época maravilhosa, embora me realizei quando meu pai (João Campeiro) e eu pudemos gravar (gravação caseira) a música "A árvore da Cruz" de Shirley, foi uma experiência extraordinária, e tenho essa gravação que é uma relíquia, que possui 21 anos, e sei que no momento certo irei solicitar a Shirley Carvalhais a permissão para regravá-la com os arranjos que João Campeiro fez, certamente muitos amantes do estilo sertanejo amarão a mensagem da Cruz cantada no estilo Raiz por um cantor que muito conhecia essa arte e foi um dos precursores desse estilo junto com outros grandes nomes nesse país.

A conversão ao Evangelho, Deus mudou a história do então famoso João Campeiro, em seus últimos dias de vida se converteu, e gravou com seu filho José Moglia uma música da Shirley Carvalhais, "Árvore da cruz" (que foi gravada em 12 de julho de 1992), e após essa gravação na mesma semana ele perdeu sua voz.

“Devido ao câncer sua vida foi definhando aos poucos, e em 26 de outubro de 1992 ele faleceu.” 

 

 



Vencendo Sempre

01 Arrependida (Garcia-Lázaro Correia) Decl. Aparecida de Castro – GUARÂNIA
02 Saudades (Garcia-Marinheiro) CANÇÂO RANCHEIRA
03 Linda Flor (Pardinho) RASQUEADO
04 Prisioneiros Amigos (Play dos Pampas)
05 Fim Do Nosso Amor (Balthazar-Walter da Silva) CANÇÂO RANCHEIRA
06 Chave Do Apartamento (Carreirinho) FOX
07 Vencendo Sempre (Lourival dos Santos-Piraci)
08 Que Vale a Vida (Francisco Lacerda)
09 Pagode Dos Treze (Zé Trigueiro-Luiz Alberto)
10 Laço Do Amor (Augusto Toscano-Garcia)
11 Sou Sertanejo (Moacir dos Santos-João Mineiro)
12 Triste Ano Novo (Garcia-Lázaro Correia)

 Para quem quiser ouvir o disco, segue o Link:

http://saudade.netlivre.org/arquivos/category/garcia-e-joao-campeiro
Fonte: José Carlos Moglia (filho de João Campeiro)


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